segunda-feira, 23 de maio de 2011

Não sei o que os homens no geral pensam, o que as pessoas pensam...
Agora neste exato momento, estou no trabalho, mas não estou trabalhando..
Estou confusa e perdida nos meus muitos pensamentos, triste também, com as notícias desta manhã e tendo a certeza de como as decisões dos outros afetam nossa vida, as consequências sobre isso, o fato de aceitarmos ou não...E de como muitas vezes ficamos paralisados diante da coisas porque fogem a nossa competência de resolvê las. Puxa vida. São tantas coisas, somos afetados o tempo todo, o dia inteiro, acordamos e estamos diante do desconhecido, o presente e o futuro tudo junto de uma só vez, o futuro não é apenas amanhã, mas daqui a oito horas tbm.......


Kaline

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Revista da Cultura



E o palahço, o que é?
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Dos circos que rodam o Brasil aos voluntários em enfermarias de hospitais,
a arte clow faz parte do cotidiano de muita gente

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                  Por Renato Jakitas



“Ai, o circo vem aí, quem chora tem de rir, com tanta palhaçada. Tem hindu que come fogo, faquir que come prego, mulher que engole espada.” Com essa música, Roger Avanzi dava início ao primeiro dos muitos atos do palhaço Picolino II no picadeiro. Foi assim por décadas. A mesma entrada para um personagem que é dele desde 6 de junho de 1954 – o mais antigo em atividade no Brasil –, dia em que o pai, o Picolino I, abandonou o cargo, cansado demais para as estripulias da função. “Era assim naquele tempo, quando não tinha televisão e os circos eram a principal atração das cidades. Ser palhaço era um compromisso que seguia de mão em mão pelas gerações”, conta.



Aos 88 anos, o circo de sua família fechou e faz tempo que ele não excursiona com uma trupe por aí. O que não quer dizer que, de vez em quando, Roger não desperte com a vontade de repetir seu velho ritual: lambuzar o rosto de pancake branco, vestir uma camisa de colarinho frouxo, o paletó xadrez e pintar de vermelho a ponta do nariz. É seu jeito de deixar para trás o velhinho gente boa de bengala na mão e olhos cansados para encarnar a ensandecida figura que pula, chora e dá risada, às vezes tudo de uma vez só. “Olha como eu era bonitão. A mulherada vivia correndo atrás de mim quando eu era solteiro”, brinca, apontando as fotos na sala de casa.



Nos tempos de ouro de Picolino, o circo era a TV, o teatro e até o cinema de um Brasil precariamente integrado por estradas de terra e bem longe do roteiro de shows dos artistas badalados do mundo. Assim, ao lado do Circo Nerino, fundado pelos pais de Roger em 1913, os congêneres Arethuzza e Garcia eram os que mobilizavam multidões do rio Amazonas ao Prata, tendo na figura do palhaço sempre a apoteose da atração.



Uma arte que tem sua origem perdida no tempo – pinturas chinesas com 5 mil anos já retratavam acrobatas metidos em roupa excêntricas. Mas que sobrevive bravamente, se agarrando com força à necessidade humana de expor o lado cômico e, por vezes, ridículo de sua essência.



“O palhaço flerta com os medos. Ele expõe toda a nossa fragilidade, oferece uma visão das nossas imperfeições”, reflete a atriz Silvia Leblon, que está em cartaz neste e no próximo mês em São Paulo com a peça Spirulina em Spathódea (Teatro Studio 184. Praça Franklin Roosevelt, 184). Nela, Silvia revela o universo da palhaça Spirulina, personagem que a acompanha há 16 anos, desde que passou a se interessar pelo assunto. “Eu não era engraçada e não brincava de palhaça quando pequena. Na verdade, sempre fiz papéis dramáticos e sensíveis. Mas foi assim até conhecer o clown, um presente que ganhei da vida.”



REFORMA ÍNTIMA

Essa mescla de arte a autoconhecimento é atualmente oferecido ao público não apenas por meio de espetáculos, mas também em oficinas e cursos específicos. A própria Silvia Leblon mantém um espaço para workshops de clown em São Paulo, o Na Companhia dos Anjos. “A procura é grande. O curso atrai desde atores até curiosos, empresários e executivos, que querem descobrir essa vertente frágil da natureza humana.”



O microempresário Pedro Francisco sabe bem como é isso. Com 51 anos, casado e pai de três jovens, ele se encantou com o ambiente circense e decidiu se tornar palhaço por volta de 2003, enquanto levava o filho, na época patinador artístico, para uma apresentação no Circo Orlando Orfei.



Atualmente, Pedro é Barriguinha, palhaço voluntário em um grupo que trabalha exclusivamente com internos de hospitais, a Trupe D`Alegria. “Esse trabalho foi para mim uma revolução. Hoje, sou um cara muito mais rápido para improvisar e resolver os problemas da vida.” ©