quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sempre Calvin...


Das vantagens de ser bobo - Clarice Lispector

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

E julho vai passando...

Hoje pela manhã eu pensei em tantas coisas legais pra escrever e agora que me sentei aqui pra escrever, parece que todos os meus pensamentos fugiram, acho que eles se uniram contar mim e foram embora, na verdade estou um pouco contrariada com a vida ou será comigo mesma? Não sei, também não quero ficar procurando respostas pra isso, acho melhor deixar pra lá e pensar nisso numa outra ocasião, preciso escrever.. Tenho uma meta e pretendo cumprir, que é de escrever pelo menos três crônicas por semana, puxa vida..sera que não que não vou conseguir... Acho que hoje eu não estou muito legal pra escrever deve ser isso e não vou forçar...Uma vez me pediram pra definir a vida, eu disse que a vida se parecia com as quatro estações do ano, as vezes florida e cheia de cores, outras calorosas e cheias de amor, outras épocas mas frias e cinzentas e algumas bem secas, secas de tudo, acho que hoje eu estou um pouco assim... seca, seca de tudo...  

terça-feira, 12 de julho de 2011

Hoje é quinta feira, 07 de julho de 2011, e eu estou aqui pensando nas coisas que deveria ter escrito a mais tempo.  Esse fim de semana mesmo que passou, estive em Recife pra ver uns documentos da faculdade, quando sai de lá, por já estar bem próximo ao Shopping dei uma passadinha pra olhar as vitrines, fiquei sentada num banquinho apenas observando a movimentação das pessoas e, me perdi nos meus muitos pensamentos, pensei coisas do tipo, "Muito obrigado meu Deus por eu não estar mais aqui em Recife" e, não porque eu não goste daqui, pelo contrário, sou apaixonada por aquele lugar, tenho boas recordações, mas as pessoas não tem qualidade de vida, não tem tempo pra se conhecerem melhor, acho algumas delas um pouco superficial, também cada um tem sua vida né? A maioria é cobrada o tempo todo e, por diversos motivos, nada rende, seu tempo não rende, quando morei lá corria o dia inteiro de um lado pra o outro, eu até gostava, não queria ouvir falar em outra coisa, mas ai acabei voltando e, gostei, pelo menos até aqui.. Mas voltando ao Shopping, eu começei a observar um Senhor que sentou ao meu lado, ele usava um suspensório e uma calça que achei bem bonita, na verdade achei ele uma graça, lembrei do meu avó, e senti saudade, e saudade é um sentimento que tem aconpanhado minha vida há algum tempo, quando deu 10:00 horas começou a tocar um música e as portas das lojas começaram a se abrir, achei tão bonitinho, ai as pessoas começaram a se levantar e andar e andar mais rápido, umas apressadas outras nem tanto, alguns pareciam que estava apenas a passear, nem ai pra vida, nem ai pra nada. Eu também fui uma das pessoas que se levantou e caminhou lentamente, olhando bem para os lados e sabe porque? Porque aquele lugar me trazia lembranças, boas lembraças, nem imaginava que meu coração iria se encher de tanta saudade. Houve alguns lugares por onde passei que foi inevitável lembrar das minhas amigas da faculdade, às vezes, quando não tinhamos aula iamos pra lá, fazer nada ou até mesmo lanchar... Tinha uma delas que amava a Maria Bonita Extra, quando eu passei meu Deus fiquei parada apenas olhando, que saudade... Lembrei do dia em que fomos comer pizza, do dia em que saimos pra comprar salgados, dos bons cafés que tomamos juntas, dos livros, das conversas jogadas fora, nossa foi tanta coisa...Tanta história, tantas confissões naquela praça de alimentação, até lágrimas rolaram, consolos e soluções... Disso tudo nos restou a amizade, as lembraças, e o carinho que a distância não vai tirar de mim, sempre lembro das meninas e ligo também, tentando diminuir a falta que elas me fazem......E fazem mesmo...
E como já é de costume meu, fui direto pra Livraria Saraiva, respirei fundo, sentindo aquele cheiro de tinta no papel, aquele cheiro de livro novo, livro pedindo pra ser lido, descoberto... - aaaaaa, como gosto dissso!! Andei pelos corredores olhando para cada livro, eles pareciam sorrir para mim e eu para eles, logo avistei "Mulher Perdigueira" de Carpinejar, peguei e começei a folhear, ai a vendedora se aproximou e perguntou se eu queria ajuda, fiz um comentário "esse livro ganhou o prêmio Jabuti, né?" ai ela disse, siim, você gosta de Crônicas? respondi que amava e escrevia também, ela me indicou outros como "Clarice na cabeçeira" de Clarice Lispector, me enchi de livro, sentei no sofazinho me meio da livraria e comçei a viajar, dar risadas e me divertir sozinha, essa parte foi legal, eu gostei, acabei não levando Carpinejar, mas ele ja está na minha lista para minha próxima aquisição, eu trouxe o da Clarice Lispector, quando abri o livro foi em uma crõnica que encheu minha vida de vida.. E dizia mais ou menos assim - "Eu Nasci para três coisas  Amar as pessoas, escrever e criar meus filhos e por isso eu dou minha vida"... aaaa quando li já viu neh? Eu falei - é esse!! Passei no caixa paguei e fui pra casa, pensando em como eu fui, sou e sempre serei feliz, muito feliz!!

bjooooooooo
Line Aragão

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Um olhar diferente

Ultimamente tenho sentido tanta vontade de escrever, escrever sobre tudo, fatos engraçados, bobos, inusitados, escrever a vida, escrever o acaso... Sinto uma energia tão positiva ao fazer isso, uma alegria diferente de outras alegrias que sinto, uma certeza de que esse é o caminho, bem, vou seguir meus instintos, acreditar e ver onde isso tudo vai dar, há alguns meses participei de um concurso literário, escrevi um livrinho infantil, me deu um frio enorme na barriga, eu não ganhei o prêmio, mas sentia um alegria transbordante ao escrever, fiquei feliz com o resultado final. E depois, ninguém erra por tentar não é mesmo?
A Elenir uma amiga minha, disse que quando temos um dom, e colocamos em prática sentimos alegria, não paro de pensar sobre isso, estou feliz esses dias mesmo sem motivos aparentes, nas minhas orações sempre peço a Deus pra não me deixar perder a beleza da vida, do olhar, o senso de assombro. São coisas tão pequenas, mas tão fundamentais.
Da janela do meu trabalho da pra ver umas árvores e um laguinho bem ao longe, num terreno que só mora vacas rsrs, não é nada demais e mesmo assim, sinto paz ao olhar a paisagem. Mas nem todos veem isso, exceto eu, e se por algum motivo eu falar pra alguém, tenho quase certeza que iriam rir de mim, mas quer saber? To nem ai. Estou admirando o que os meus olhos são capazes de enxergar, apenas extraindo pequenas alegrias de coisas aparentemente insignificantes, talvez tentando simplificar a vida, sei lá! Talvez isso significa que podemos ver beleza até nas piores situações e que podemos ser bons mesmo em meio à maldade. Por isso, sempre que eu estou triste ou em algum lugar que falta amor, eu procuro as coisas mais despercebidas pra tornar a vida mais bonita, sem me preocupar com as dificuldades ao redor. O pôr do sol, as estrelas, a lua, uma árvore, um laguinho, vacas...
Uma frase que li outro dia do Arnaldo Jabor e gostei muito, "Melhor ser idiota pra os outros que infeliz pra si mesmo" é mais ou menos assim que eu quero ser... adoooro ser criança, brinco com minha filha pra ver quem é mais criança e adivinha quem ganha?
No livro do Pequeno Príncipe, o autor faz algumas críticas ao mundo das pessoas grandes, "... elas não compreendem nada sozinhas e, é cansativo para as crianças ficar explicando". Preciso dizer mais alguma coisa? Aliás, ai está uma ótima dica pra quem quer mais leveza ou um pouco de romance, não deixe de ler "O Pequeno Príncipe"  – "As pessoas veem estrelas de maneiras diferentes. Para aquelas que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para os sábios, elas são problemas... Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém nunca as teve... tu, e somente tu, terás estrelas que sabem rir". E que estas estrelas se mostrem de mil e uma maneiras para nós e que sorriam como crianças cheias de alegria, despertando em cada amanhecer  o dom da vida, e da felicidade nunca deixando de brilhar e, que se por algum motivo elas se apagarem, que Deus possa nos mostrar o caminho de volta.
bjuuuuuuuu

Line Aragão

terça-feira, 14 de junho de 2011

Preciso pensar sobre a vida, sobre o tempo, sobre minhas prioridades,
sobre o que ocupa o primeiro lugar em minha vida, meus pensamentos e desejos. Eles
gritam tão alto dentro de mim, parece que vivem a espreita esperando uma oportunidade, as
vezes por causa disso também, acho meu mundo interior tão divertido e engraçado, me acostumei tanto
a viver sozinha, a estar sozinha, que hoje consigo me divertir sozinha, apenas pensando.. Pode parecer estranho ou idiota, mas é assim que é. Construi um jardim dentro de mim e é para lá que eu vou sempre que preciso relaxar e até me emocionar, aprendi a decorar minha alma com flores e tintas coloridas...
Apesar disso tudo, valorizo muito relacionamento. Ninguém foi feito pra andar sozinho e, nem viver sozinho.. Ter amigos é muito bom, mas se retirar um pouco da agitação da vida e refletir nos faz agir com mais cautela, nos faz administrar melhor nosso tempo, e rever aquilo que é urgente e aquilo que é prioridade e, ainda com um tempo você aprende que desejos são coisas contraláveis e as oportunidades aparecem quando menos se espera..
Seja integra e honesta com todas as pessoas e com você mesma, certamente a felicidade virá, não das coisas que você considera grande e importante, mas daquelas bem simples e pequenas.

Bjuuss Line Aragão

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Não sei o que os homens no geral pensam, o que as pessoas pensam...
Agora neste exato momento, estou no trabalho, mas não estou trabalhando..
Estou confusa e perdida nos meus muitos pensamentos, triste também, com as notícias desta manhã e tendo a certeza de como as decisões dos outros afetam nossa vida, as consequências sobre isso, o fato de aceitarmos ou não...E de como muitas vezes ficamos paralisados diante da coisas porque fogem a nossa competência de resolvê las. Puxa vida. São tantas coisas, somos afetados o tempo todo, o dia inteiro, acordamos e estamos diante do desconhecido, o presente e o futuro tudo junto de uma só vez, o futuro não é apenas amanhã, mas daqui a oito horas tbm.......


Kaline

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Revista da Cultura



E o palahço, o que é?
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Dos circos que rodam o Brasil aos voluntários em enfermarias de hospitais,
a arte clow faz parte do cotidiano de muita gente

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                  Por Renato Jakitas



“Ai, o circo vem aí, quem chora tem de rir, com tanta palhaçada. Tem hindu que come fogo, faquir que come prego, mulher que engole espada.” Com essa música, Roger Avanzi dava início ao primeiro dos muitos atos do palhaço Picolino II no picadeiro. Foi assim por décadas. A mesma entrada para um personagem que é dele desde 6 de junho de 1954 – o mais antigo em atividade no Brasil –, dia em que o pai, o Picolino I, abandonou o cargo, cansado demais para as estripulias da função. “Era assim naquele tempo, quando não tinha televisão e os circos eram a principal atração das cidades. Ser palhaço era um compromisso que seguia de mão em mão pelas gerações”, conta.



Aos 88 anos, o circo de sua família fechou e faz tempo que ele não excursiona com uma trupe por aí. O que não quer dizer que, de vez em quando, Roger não desperte com a vontade de repetir seu velho ritual: lambuzar o rosto de pancake branco, vestir uma camisa de colarinho frouxo, o paletó xadrez e pintar de vermelho a ponta do nariz. É seu jeito de deixar para trás o velhinho gente boa de bengala na mão e olhos cansados para encarnar a ensandecida figura que pula, chora e dá risada, às vezes tudo de uma vez só. “Olha como eu era bonitão. A mulherada vivia correndo atrás de mim quando eu era solteiro”, brinca, apontando as fotos na sala de casa.



Nos tempos de ouro de Picolino, o circo era a TV, o teatro e até o cinema de um Brasil precariamente integrado por estradas de terra e bem longe do roteiro de shows dos artistas badalados do mundo. Assim, ao lado do Circo Nerino, fundado pelos pais de Roger em 1913, os congêneres Arethuzza e Garcia eram os que mobilizavam multidões do rio Amazonas ao Prata, tendo na figura do palhaço sempre a apoteose da atração.



Uma arte que tem sua origem perdida no tempo – pinturas chinesas com 5 mil anos já retratavam acrobatas metidos em roupa excêntricas. Mas que sobrevive bravamente, se agarrando com força à necessidade humana de expor o lado cômico e, por vezes, ridículo de sua essência.



“O palhaço flerta com os medos. Ele expõe toda a nossa fragilidade, oferece uma visão das nossas imperfeições”, reflete a atriz Silvia Leblon, que está em cartaz neste e no próximo mês em São Paulo com a peça Spirulina em Spathódea (Teatro Studio 184. Praça Franklin Roosevelt, 184). Nela, Silvia revela o universo da palhaça Spirulina, personagem que a acompanha há 16 anos, desde que passou a se interessar pelo assunto. “Eu não era engraçada e não brincava de palhaça quando pequena. Na verdade, sempre fiz papéis dramáticos e sensíveis. Mas foi assim até conhecer o clown, um presente que ganhei da vida.”



REFORMA ÍNTIMA

Essa mescla de arte a autoconhecimento é atualmente oferecido ao público não apenas por meio de espetáculos, mas também em oficinas e cursos específicos. A própria Silvia Leblon mantém um espaço para workshops de clown em São Paulo, o Na Companhia dos Anjos. “A procura é grande. O curso atrai desde atores até curiosos, empresários e executivos, que querem descobrir essa vertente frágil da natureza humana.”



O microempresário Pedro Francisco sabe bem como é isso. Com 51 anos, casado e pai de três jovens, ele se encantou com o ambiente circense e decidiu se tornar palhaço por volta de 2003, enquanto levava o filho, na época patinador artístico, para uma apresentação no Circo Orlando Orfei.



Atualmente, Pedro é Barriguinha, palhaço voluntário em um grupo que trabalha exclusivamente com internos de hospitais, a Trupe D`Alegria. “Esse trabalho foi para mim uma revolução. Hoje, sou um cara muito mais rápido para improvisar e resolver os problemas da vida.” ©