quarta-feira, 10 de junho de 2009

A cachoeira


Depois de um longo tempo nadando no mar, o cardume de salmões se delicia nas águas traquilas e cristalinas do rio onde nasceram.
A água dove renovava as forças dos peixes deixando seus corpos relaxados. O corpo dolorido pela longa jornada tornava aquele momento de descanso un prêmio para todos os que se esforçavam para estar ali. Muitos perderam a vida no mar. Os ataques dos predadores dizimaram diversos peixes. Outros se perderam durante a viagem. Mas isso foi apenas o começo. O maior desafio da vida ainda estava por vir. A pocos quilômetros dali, erguia se uma poderosa e intrasponível cahoeira, cuja força seria um cruel obstáculo a transpor. Era melhor aproveitar aquele momento para descansar ao máximo.
Afastado do grupo no canto do lago, um dos salmões pensava nas poucos chances que teria para alcançar seu objetivo. Imaginava as dificuldades que enfrentaria, e isso o deixava desanimado. ao ver passar por ele um outro salmão com a cauda destroçada por um ataque de foca do mar, imaginou o sacrifício que teria de fazer durante a jornada. Respirou fundo e perguntou ao colega sobre suas chances de sucesso naquela empreitada, ao que o peixe respondeu:- Minha cauda ferida poderá me atrapalhar, mas minha esperança está viva e é com ela que lutarei até o final.
Nunca ouvira alguém tão determinado como aqule peixe. Aquelas palavras renovaram suas forças. ele passou a enxergar a cachoeira como uma missão a ser cumprida com determinação.
quando o sol, naquela manhã, lançou seus primeiros raios sobre o lago, os salmões partiram ao encontro da cachoeira. Numa carreira desenfreada, sangrando as águas, os peixes partiram em direçaõ ao seu objetivo. E, logo no início da jornada, apareceram os primeiros problemas.
Grupos de ursos pardos famintos estavam à espreita dos salmões junto as pedras, nas margens do rio. A cada patada dos mamíferos, vários peixes eram lançados para fora da água. O desepero deles era enorme. A luta pela sobrevivência esgotava ainda mais as forças dos corajosos viajantes. Os que conseguiam escapar tentavam se esconder ou nadar mais fundo para despistar os ursos. O salmão com a cauda machucada só pensava em chegar a cachoeira, e iso o deixava mais forte. Sua força alimentava seus companheiros de viagem.-Em frente, em frente! Não desistam, nós conseguiremos!-gritava ele intensamente.
Logo adiante, pescadores lançavam redes que prendiam diversos outros peixes. A destreza usada para escapar dessa ameaça os consumia mais ainda. Muitos outros ficaram pelo caminho.
Esgotados, os sobreviventes depararam com o imenso turbilhão de águas que mostrava furor e violência aos aventureiros que ousassem transpô la - a cachoeira.
Quando olharam para o último grande desafio a ser enfrentado durante a viagem, os salmões se encheram de alegria e coragem. Então, com saltos magníficos, os peixes venciam as torrentes que os arremessavam sem dó contra as rochas.
Alguns salmões ficaram tão fracos, que não resistiram a força das águas. Assim, foram levados pela correnteza, inertes e sem vida. No entanto, os mais fortes, após longas horas de intensa luta, receberam o prêmio de retornar ao seu lugar de origem. E, num último suspiro de vida, depositaram seus ovos no leito do rio onde a vida seguiria seu curso.
Em seus momentos finais, o salmão ferido pela foca diz ao amigo:-Quando estamos convictos do que precisamos fazer, todo esforço vale a pena.

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